sábado, 16 de maio de 2009

O dilema do café



Descubra os prós e contras do consumo desta bebida presente em qualquer cardápio
14/04/2009


Por Thaís Harari

A ciência é controversa. Diversos estudos são publicados ora falando bem, ora falando mal do efeito que a ingestão de certos alimentos pode ter sobre o organismo. Com o café não é diferente. Um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease em janeiro deste ano mostra que consumir a bebida durante a meia-idade pode reduzir o risco de demência e Mal de Alzheimer na posteridade.

O estudo selecionou aleatoriamente um grupo de 1409 homens e mulheres de meia idade e os acompanhou por aproximadamente 21 anos. No total, 61 indivíduos desenvolveram demência e 48 Mal de Alzheimer. Pessoas que costumavam beber de 3 a 5 copos de café por dia apresentaram menor risco de ter tais doenças comparadas com aquelas que não bebiam ou consumiam muito pouco da bebida.

Segundo Marilis Savaro Lanelas, dermatologista da Sanicorpus em São Paulo, o consumo de café pode combater o estresse oxidativo provocado pelos radicais livres. Liberados naturalmente pelo corpo, são capazes de lesar todas as células do organismo, inclusive as neuronais. A médica acredita que é devido a este poder de bloqueio dos radicais livres que o café é associado a menores riscos de desenvolver doenças degenerativas, como demência e Mal de Azlheimer.

Além das células neuronais, colágeno e elastina - presentes na pele - também são lesadas. “O café atua como neutralizador dos radicais livres, como antioxidante, por isso é utilizado em tratamentos estéticos de prevenção ao envelhecimento”, explica.

As opiniões sobre os benefícios do café não são equânimes. Segundo o dr. Roberto Hymann, reumatologista da Unifesp, o consumo da bebida pode provocar descalcificação óssea. “A cafeína atrapalha o processo de fixação do cálcio pelo osso”. Pessoas que sofrem com osteoporose devem evitar seu consumo, que pode agravar o problema.

Segundo a nutricionista Lilian Mika Horie, da GANEP Nutrição Humana, o ideal é que o consumo de café não ultrapasse a medida de cinco xícaras pequenas por dia. Devido a sua ação estimulante, deve ser evitado por quem tem insônia e arritmia cardíaca, já que pode acelerar os batimentos do coração. Uma vez que estimula a produção de ácido clorídrico no estômago, seu consumo pode também piorar problemas gástricos, como úlcera, gastrite e refluxo.

Lilian, porém, aponta alguns benefícios que o consumo da bebida pode trazer. A cafeína age como estimulante, aumentando o metabolismo e ajudando na queima de calorias. "Além disso, contém antioxidantes - como o ácido cafeico - que evitam a formação de radicais livres e, conseqüentemente, o desenvolvimento da doença coronariana", explica.

Ayurveda

De acordo com o Dr. Danilo Maciel, membro da Associação Brasileira de Ayurveda, o café atua aumentando vata e pita e diminuindo kapha. Portanto, pessoas que sofrem com ansiedade, insônia, perda de peso e tremores musculares – características típicas de vata – ou com queimações gástricas – típico de pita – não devem consumir a bebida.

Sendo um estimulante natural, capaz de ativar a memória, a concentração e a atividade física e mental de uma pessoa, o café é especialmente indicado para aqueles que sofrem com sonolência, peso na cabeça, preguiça, letargia, obesidade, excesso de fome e moleza, características típicas de kapha. O médico indica o consumo diário de até 3 xícaras.