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Estudos
revelam que beber 4 xícaras de café por dia ajuda a proteger o
coração, diminuindo o risco de desenvolver algum tipo de câncer e
proteger até de derrames cerebrais. Estudo foi feito durante 13
anos e avaliou pessoas que tomavam café ou algum tipo de chá
frequentemente e pessoas que nunca os bebiam. O resultado
comprovou que pessoas que tomam regularmente café e chás sofrem menos de
problemas cardíacos. Mas, se o indivíduo fumar um cigarro e a seguir
tomar o café ou beber um chá, estes não terão nenhum benefício. O
ideal é que as pessoas bebam café ou chá com regularidade, mas sem
esquecer de praticar atividade física, ter uma dieta equilibrada e não
fumar. Apesar dos benefícios do café, o mesmo deve ser consumido
com moderação e deve ser evitado em pessoas portadoras de arritmias
cardíacas. Novos estudos avançam na busca de mais informações sobre os benefícios e malefícios do café.
Ah, o cheirinho do café! Poucos odores se igualam a esse, e talvez nenhum o supere. Quando aquele pó marrom escuro se encontra com a água fervendo, uma simbiose única, original, inigualável acontece. O translúcido do líquido vai contaminando com umidade a opacidade escura do que resultou da moagem dos grãos; a água vai se insinuando entre as minúsculas partículas do pó. E um milagre acontece.
Milagre sim. A começar pelo cheirinho, que embora referido, assim, no diminutivo ditado pelo carinho, na verdade é grande e poderoso, a ponto de invadir narinas a muitos metros de distância. Um ambiente em que se passa um bom café parece ficar para sempre impregnado. Qualquer cozinha moderna, com a brancura asséptica dos ladrilhos, parece converter-se numa antiga e enfumaçada cozinha de fazenda, em que o coador fumegante, sobre a chapa de um fogão de lenha, torna-se o rei dos cheiros, pelo menos enquanto dura a milagrosa transformação de água e pó em café.
Miraculoso é o poder do cheiro de café para atrair os paladares – até em lugares improváveis, como o centro da cidade durante a correria do dia-a-dia. É quase impossível a gente passar por perto de um bar ou de uma cafeteria sem que nossas papilas gustativas se juntem às nossas narinas num complô para nos levar a entrar e tomar um café.
E não importa a hora em que isso aconteça: de manhã, de tarde, de noite, de madrugada, é o mesmo o poder do odor de café.
Nos tempos de antanho, esse cheiro se propagava, e muito dele se perdia. Com a sofisticação dos tempos modernos, as embalagens à vácuo vieram contribuir decisivamente para que o delicioso odor do café seja preservado ao máximo.
Quando a gente abre a embalagem em que o café fica aprisionado, um demônio sedutor transformado em odores se liberta. E aquele cheiro delicioso não leva sua delícia apenas a nossas narinas; o cheiro se propaga, se eleva, impregna tudo, viaja longe e permanece perfumando o ambiente por um bom tempo.
Acordar cedo é, talvez para a imensa maioria, uma tortura. Deixar o aconchego da cama, obrigado pelo chamado do dever – trabalho, estudo, não importa – é duro. Mas, quando a gente se aproxima da mesa do café da manhã, o cheiro do café parece nos fazer despertar para a vida. É como um passaporte que permite o ingresso no mundo real de quem vem do mundo dos sonhos. Esse odor inconfundível torna-se uma mensagem cifrada comunicada ao nosso cérebro através de nosso nariz: Vamos lá! Começou o dia.
E depois que saímos o cheiro de café parece nos acompanhar. No escritório da empresa, no refeitório da fábrica, na agência do banco, na lanchonete da escola ou faculdade, lá está o odor, recebendo-nos em seus braços de fumaça enovelada, que sobe quando o café está sendo preparado.
Duas coisas interessantes. A primeira é que muita gente gosta até mais do cheiro do café que do próprio café. A outra coisa interessante: gente à beça não gosta de café, mas gosta… do cheiro de café. É como se o café, ciente do seu poder de sedução, se contentasse em prender alguns, mesmo sem usar todo o seu feitiço, mas apenas o odorífico.
Quem pode entender coisas assim?
Mas eu falei acima em milagre. Milagres não são para ser entendidos; são milagres, pronto; creiamos neles ou não, beneficiem-nos ou não.
Vamos então aproveitar para preparar ou simplesmente tomar um café. E cuidemos de cheirá-lo gostosamente!
Por J. Carino
Professor de Filosofia da UERJ. Escritor, dedica-se a crônicas e contos. Publicou “Olhando a cidade e outros olhares”. Desde a infância, foi embalado pelas ondas do rádio. Foi locutor de rádio, atividade que ainda exercita narrando seus próprios escritos e outros textos. Empenha-se no momento em implantar a Web “Rádio Sorriso” em Niterói, RJ, cidade onde mora. Veja todas as publicações deJ. Carino.